Análise dos Deputados Eleitos em 2022
Passada as eleições de primeiro turno que definiram a composição da câmara, tem-se a oportunidade de verificar padrões das candidaturas eleitas e característica da representatividade dos deputados eleitos.
Esta análise se utilizou dos dados das candidaturas coletados e abertos pelo TSE e compilados pela plataforma basedosdados.org, que disponibiliza os dados para consulta através de banco de dados disponíveis para a consulta através do Google Big Query. Para filtrar os candidatos eleitos foi feito um scrapping dos dados das candidaturas eleitas do portal UOL. Este processo foi feito com uso de Python e os dados obtidos foram armazenados em um banco de dados no Google Big Query.
Web Scrapping Deputados Eleitos
Utilizando a biblioteca requests para a requisição HTML e extração do conteúdo da página
Manipulando o HTML utilizando a biblioteca Beautiful Soup para localizar e extrair as informações dos candidatos eleitos.
Juntando as informações dos deputados eleitos com os respectivos estados através da criação de um dicionário, que é utilizado para a criação de um Data Frame do Pandas.
Inserindo candidatos que estavam faltando nas informações do UOL.
Criando função para a extração da informação de votos das strings obtidas do processo de scrapping.
Aplicando transformações nas strings para a criação das colunas "nome", "partido" e "votos".
Fazendo a conexão com o Google Big Query e enviando as informações do Data Frame Pandas para o banco de dados.
Análise Exploratória dos dados
Através de consultas SQL aos bancos de dados do basedosdados.org foi feita uma análise exploratória dos dados na intenção de gerar insights sobre o o tamanho das bancadas associadas aos candidatos a presidência que disputarão o segundo turno, o financiamento das candidaturas, patrimônio declarado dos candidatos eleitos e recorte de gênero.
As informações foram cruzadas através de concatenação das strings de nome e sigla do partido. Apenas uma chave estava duplicada e foi removida através do filtro do sequencial do candidato conforme consulta abaixo.
Através da reportagem sobre as bancadas do congresso disponível no G1, estabeleceu-se três categorias de bancadas. Os que apoiam o candidato Lula, os que apoiam Bolsonaro e os partidos que não participam de nenhuma coligação.
Observa-se que existe uma proporção próxima de um terço para cada uma dos grupos, tendo a bancada do atual presidente uma considerável vantagem em relação aos números de seu concorrente. Na prática, quem for eleito terá de negociar com uma parcela significativa da câmara para poder aprovar projetos de lei e propostas de emenda à constituição de seu interesse.
Na consulta acima temos o total de deputados eleitos por partido e a receita total destes partidos para o uso em campanha.
Observamos uma correlação entre a receita de campanha com o número de deputados eleitos, quanto maior a receita do partido, mais deputados são eleitos. Porém, quando observamos a relação de receita por deputado eleito temos algumas distorções. O PL, que teve o maior número de deputados eleitos, teve o menor gasto por candidato eleito, em compensação o PTB, que teve somente um deputado eleito, gastou mais de vinte e uma vezes o que gastou o PL por deputado, sendo de longe o partido que mais gastou nessa relação.
Conforme a consulta acima observamos que os partidos não coligados tiveram a maior parte da receita para campanha, o que não se traduziu no maior número de deputados eleitos. A bancada de apoio ao presidente Bolsonaro foi a mais eficiente no uso dos recursos, elegendo o maior percentual de deputados com a menor quantidade de recursos. A utilização da máquina pública pode explicar esta maior eficiência pois que muitos votos ainda tem uma relação clientelista com o uso dos recursos orçamentários dos deputados eleitos, o que é conhecido hoje como orçamento secreto.
Na consulta acima temos as receitas segregadas por bancadas. Observa-se que o patrimônio médio não traduz bem a realidade da maioria dos deputados eleitos, pois a distribuição de patrimônio é muito desigual. Sendo assim, a mediana diz mais sobre a condição dos deputados eleitos, com destaque para a diferença entre a mediana dos patrimônios da bancada de Lula e dos partidos sem coligação, quase o dobro.
A diferença entre o patrimônio máximo e a mediana é gigante em todas bancadas ultrapassando em dois casos mais de 100 vezes. Esta característica de valores muito distantes da média faz com que o valor médio não traduza a realidade da maioria dos deputados eleitos.
A participação feminina ainda é muito pequena na câmara dos deputados, não chegando a um quinto das candidaturas eleitas. Quando observamos o patrimônio dos candidatos eleitos segregados por gênero temos uma ideia da desigualdade entre os gêneros com 50% das mulheres eleitas com um patrimônio de menos de quinhentos mil reais, enquanto o patrimônio mediano para o gênero masculino é de mais de um milhão de reais.